Com a palavra, publicitários dos Estados Unidos
Mônica Marulanda, da Alma, e executivos da Conill e The Community comentam questões como diversidade e imagem do país na Era Trump
Teresa Levin
23 de maio de 2018 - 17h09
Há uma preocupação de ter uma inclusão racial em cargos de liderança de agências nos Estados Unidos? E como a publicidade latino-americana influencia a americana e vice-versa? A marca Estados Unidos está abalada pela Era Trump? Aproveitando a presença de lideranças de agências que atuam no mercado norte-americano voltadas para o público hispânico no Wave Festival 2018, a reportagem do Meio & Mensagem conversou com alguns destes executivos sobre os temas acima. Confira abaixo as visões de Mônica Marulanda, sênior creative director da Alma; de Veronia Elizondo, vp e group creative director da Conill, e Daniel Pérez Pallares, diretor de criação executivo da The Community.
Diversidade
“Nos Estados Unidos quando falamos sobre inclusão não é só de mulheres, mas de afro-americanos, espanhóis, hispânicos, é algo viável e que faz parte de todas as conversas. É importante a inclusão de todos que não são brancos, talvez seja uma boa forma de falarmos sobre esta questão. Por muitos anos eram apenas brancos nos boards e hoje é algo que precisamos falar, que faz parte do que discutimos. É parte de nossa cultura na agência hoje e cada vez mais. Sem isso não podemos entregar grandes mensagens.”
Mônica Marulanda, da Alma
“Hoje a inclusão de gênero, aliás, tudo que é inclusão, é um tema muito sensível na sociedade. Tudo puxa para que haja um maior acesso. Muitos clientes nos Estados Unidos quando procuram uma agência buscam a diversidade nas equipes. Procuram o que seja diverso. Verizon é um cliente por exemplo que busca muito isso.”
Daniel Pérez Pallares, da The Community
“Nossa agência sempre tem um olhar para diversidade, observando os nossos funcionários, nossa equipe, somos inclusivos, temos pessoas de todo mundo. Sabemos como é importante ter esta representatividade.”
Verônica Elizondo, da Conill
Publicidade latino-americana e americana
“Cada vez há menos diferenças, nós temos um jeito de fazer muito distinto que o americano e eles tem um jeito de trabalhar diferente. Há hoje muitos hispânicos em altos cargos, que influenciam a cultura da publicidade e cada vez mais. Também creio que a publicidade americana nos ensina muito sobre processos, paciência, tempo, integração, nos ajuda a trabalhar de forma mais organizada. São dois mundos que se complementam incrivelmente.”
Daniel Pérez Pallares, da The Community
“Tem trabalhos muito poderosos que vem dos dois mercados, o latino-americano e o americano, e é maravilhoso. Por muitos anos a América Latina era uma meta, por exemplo, para o mercado hispânico, até pela língua.”
Mônica Marulanda, da Alma
“Tenho impressão que sempre olha-se o que é feito na América Latina como um guia, os países latino-americanos são muito bons na publicidade, há uma influência na publicidade americana.”
Verônica Elizondo, da Conill
Era Trump
“É o líder e ele não ajuda em posicionar o país de uma boa forma, isso influencia na percepção que os Estados Unidos causam. Tem pessoas que por causa do Trump não querem mais ir ao país. E até muitos que moram nos Estados Unidos querem deixar o país por sua causa. Ele não tem feito um trabalho em termos de construção de uma marca forte para os EUA.”
Verônica Elizondo, da Conill
“Independente de que linha você defenda na política, tem um impacto. Coisas que ele faz que geram reação nas pessoas, ele é inflamatório. E a maioria do que vemos impacta de forma negativa, choca, não é algo que você espere de um presidente. Comparando com Obama era ‘Uau’, as coisas positivas, e agora ouvimos muito do que é negativo.”
Mônica Marulanda, da Alma
“Podemos falar de duas coisas, o que é visto fora e o que acontece internamente. Dentro, falamos de muita coisa que não falávamos, temos uma sociedade civil mais ativa e com mais voz, os movimentos sociais estão crescendo muito, e isto é relevante. Mas do lado de fora, os Estados Unidos estão com uma imagem muito negativa, há um retrocesso muito grande, comparando agora com o período em que Obama foi o presidente do país.”
Daniel Pérez Pallares, da The Community
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